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Nevin-UEPG aborda violência contra mulheres em Imbaú

O Núcleo de Estudos da Violência Intrafamiliar (Nevin) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) promoveu, nesta quinta-feira (24), uma capac...

28/07/2025 09h47
Por: Redação Fonte: UEPG
Foto: Reprodução/UEPG
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O Núcleo de Estudos da Violência Intrafamiliar (Nevin) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) promoveu, nesta quinta-feira (24), uma capacitação na Câmara Municipal de Imbaú, com o tema “Violência Intrafamiliar: O Papel da Rede de Enfrentamento”. A iniciativa, que integra as atividades de extensão do Departamento de Direito Processual da Universidade, é fruto de uma parceria com a prefeitura local.

A formação teve como foco a violência contra a mulher e suas implicações sociais, contando com a participação da Polícia Militar, por meio da Patrulha Maria da Penha, e da Defensoria Pública do Paraná. Estiveram presentes representantes dos poderes Executivo e Legislativo, membros do Conselho Tutelar, do Conselho Municipal de Saúde e servidores que atuam na área em Imbaú.

A coordenadora do Nevin, professora Maria Cristina Rauch Baranoski, destaca que o combate à violência de gênero é um dever de toda a sociedade. “Precisamos nos conscientizar de que podemos e devemos ser agentes de mudança, que cada um de nós é parte dessa rede de proteção”, afirma. Ela também relembra os cinco tipos de violência previstos em lei: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. “A meu ver, tudo começa com a violência psicológica, que avança para a moral e vai escalando até as demais. É um desafio o combate, mas, nós como sociedade podemos enfrentar”, ressalta.

Foto: Reprodução/UEPG
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O papel da sociedade e da polícia

A soldada Letícia dos Santos Ribeiro, do 26° Batalhão de Polícia Militar, sediado em Telêmaco Borba e que atende Imbaú, Ortigueira, Curiúva, Sapopema, Figueira, Reserva, Tibagi, Ventania e Cândido de Abreu, enfatiza a importância do envolvimento da comunidade na denúncia de casos de violência. “Temos que desmistificar aquela velha frase de que ‘em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher’. Isso é um mito, porque é um problema social, de todos nós, que vai gerar consequências, inclusive, para as próximas gerações, porque atinge os filhos, pode ser passada para frente”, alerta.

Seu parceiro de rondas, o soldado Daniel Augusto Martín Garcia, reforça que a violência contra a mulher não pode ser normalizada. “As pessoas têm o telefone de emergência, o 190, e o de denúncias para investigação posterior, o 181. Em ambos, as denúncias são anônimas. Não precisa ser a vítima a fazer o chamado, pode ser um parente, um vizinho, alguém que esteja passando. A polícia tem o dever de verificar a denúncia, representando o Estado na proteção da vítima”, esclarece.

O soldado também explicou que a solicitação de dados do denunciante é um procedimento interno para facilitar a localização da ocorrência e garantir a segurança das equipes, e que essas informações não constam no boletim de ocorrência. “Às vezes um ponto de referência, um nome de rua que possa complementar a primeira chamada. Isso sem contar que há muitos trotes, então, a gente se previne, até como forma de deixar nossas equipes seguras também. O denunciante pode ficar tranquilo, não vai aparecer o nome dele no famoso B.O.”, justifica.

Letícia lembra que, às vezes, a pessoa vê uma agressão acontecendo e pensa que a vítima é quem deve reagir, que ela é quem deve denunciar. “Mas, como ela fará isso se está sendo agredida? Como ela vai fazer se está apanhando, se tomaram o celular dela, se está psicologicamente abalada e humilhada? Então, se você ver algo errado, denuncie! Passe o máximo de detalhes possíveis para a polícia, que a gente vai atender”, explica.

Foto: Reprodução/UEPG
Foto: Reprodução/UEPG
Denúncias online e apoio jurídico

Durante o encontro, Jeane Gazaro Martello, da Defensoria Pública do Paraná, apresentou o projeto Ampara, um serviço de atendimento online exclusivo para mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Por meio da plataforma, que conta com uma equipe multidisciplinar exclusivamente feminina, a vítima pode denunciar com segurança e sigilo, solicitar Medidas Protetivas de Urgência e acompanhar processos. “Terceiros também podem relatar os casos que presenciam. Com essas informações, podemos defender essa mulher e buscar justiça gratuita”, explica Jeane.

Ela informou que a Defensoria também oferece auxílio em casos de violência obstétrica e contra mulheres indígenas, serviços disponíveis no site do projeto Ampara . Jeane desmistifica a ideia de que as mulheres sempre retiram as queixas contra os agressores. Segundo ela, isso é um mito e às vezes preconceito. “Não é sempre assim e quando acontece, a gente precisa se perguntar por qual motivo se deu a retirada da denúncia. Será que é por motivo de dependência financeira, emocional, patrimonial ou outro motivo? A gente tem que levar isso em conta e trabalhar essas questões”, declara.

A professora Maria Cristina, da UEPG, também comentou a questão. “Às vezes, a mulher está tão abalada, sofreu tanta violência, que sem um auxílio externo não consegue sair desse relacionamento violento e abusivo. Por isso a importância de uma rede de proteção”, completa.

A importância para a comunidade de Imbaú

Participantes do evento destacaram a relevância da iniciativa. O psicólogo e presidente do Conselho Municipal de Saúde de Imbaú, Luiz Carlos Roberto, ressaltou que o debate sobre a violência contra a mulher é uma questão de saúde pública. “A demanda é grande, principalmente por parte de filhos, dependentes químicos e, às vezes, do próprio marido. É importante conhecer as instituições com as quais podemos contar, como a polícia e a Defensoria Pública”, conta.

Luiz Ferreira Júnior, coordenador da Comunidade Terapêutica Manaim, que trabalha com a reabilitação de dependentes químicos, viu na capacitação uma oportunidade de fortalecer a rede de proteção. “A gente trabalha com o agressor e com a família, que muitas vezes aceita essa agressão pela questão da dependência emocional. Então, conhecendo esses mecanismos, essas ferramentas, podemos auxiliar e apoiar, principalmente as famílias, a ter esse rompimento da dependência, e com os acolhidos, podemos ajudar na recuperação social também”, defende. O Nevin planeja retornar a Imbaú nas próximas semanas para conversar com alunos de escolas municipais sobre bullying e outras formas de violência.

Dados da violência no Paraná

Dados do Atlas da Violência 2025 mostram que os homicídios registrados contra mulheres caíram 18,7% no Paraná em dez anos, baixando de 283 casos registrados em 2013 para 230 em 2023. Porém, levantamento do Tribunal de Justiça do Paraná, com base em medidas protetivas de urgência autuadas, mostram que em 2024 foram 312 mulheres vítimas de feminicídio e que até maio de 2025, já haviam sido registradas 125 mortes de mulheres.

Quanto aos apontamentos dos casos novos de conhecimento em violência contra a mulher, em 2023 foram 55.529 registros e em 2024, 61.873. Só até maio deste ano, já foram 26.936 registros junto aos tribunais paranaenses. Para continuar reduzindo os crimes contra as mulheres, o Governo do Estado tem os projetos “Mulher Segura”, “De homem para homem” e “Violência doméstica”, que é destinada ao público adolescente. Há ainda o canal exclusivo da Central de Atendimento à Mulher, o 180, que também recebe denúncias.

Além dessas iniciativas, existe também o programa Recomeço , que prevê o pagamento de auxílio às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Trata-se do Auxílio Social Mulher Paranaense, que oferta um suporte financeiro equivalente a 50% do salário-mínimo nacional para mulheres em situação de vulnerabilidade, permitindo que reconstruam suas vidas com segurança e autonomia.

Foto: Reprodução/UEPG
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Sobre o Nevin

Vinculado ao Departamento de Direito Processual, o objetivo geral do Nevin é oferecer acolhimento e orientação a minorias sociais (crianças, adolescentes, mulheres, idosos, pessoas com deficiência e população LGBTQIAPN+) em situação de violência intrafamiliar, encaminhando-as aos órgãos competentes para efetivar as medidas legais específicas. Além disso, busca promover ações socioeducativas e de prevenção ao problema em escolas e outros espaços interessados, com foco nas áreas periféricas de Ponta Grossa (especialmente o Distrito de Itaiacoca) e no município de Imbaú.

O financiamento provém do Programa Universidade Sem Fronteiras, da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), com gestão na UEPG pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex).

Texto e fotos: Helton Costa

Serviços de Apoio

Telefones úteis:

  • 190 – Polícia Militar (emergência)
  • 181 – Disque Denúncias Unificado
  • 180 – Central de Atendimento à Mulher
  • 197 – Polícia Civil

    Links úteis
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